11/01/2016

David Bowie, um mestre em disfarce

Davy Jones, Ziggy Stardust, Major Tom, Aladdin Sane: personas que, no fundo, representam a genialidade de alguém que parecia de outro mundo, David Bowie. Mas, Bowie é muito mais do que representações coloridas e alter-egos diferentes, Bowie é a concretização de um mestre em disfarce que se tornou visionário ainda antes de sabê-lo.

1946 - 2016
Uma das frases mais bonitas que li em homenagem ao cantor britânico de 69 anos foi «Bowie existed so all of us misfits learned that an oddity was a precious thing. he changed the world forever» por Guillermo Del Toro (diretor e produtor mexicano). Para mim, esta frase resume todo o meu amor e respeito pela arte e pessoa do David Bowie. Eu sempre vivi à margem do que esperavam de mim – felizmente, tive pais que me permitiram ser livre e fazer os meus erros – por isso, era frequente sentir-me misfit, sentir-me alguém que não estava onde devia estar e, se há alguma coisa que aprendi com toda a vida e arte deste génio é que não importa se és diferente, é bom seres tu e aceitares-te como és. 

Ouvia Bowie antes de ser cool gostar do Bowie. Sempre ouvi Bowie, mesmo quando tinha 3 anos e dançava ao som de Let’s Dance, quando imitava o épico dueto com os Queen ou sonhava com o espaço com Space Oddity ou Life on Mars?, ouvia sem perceber a sua dimensão, a sua arte e a sua importância para o mundo. 

Só mais velha percebi a subtileza das palavras nos poemas cantados do Bowie, só mais velha compreendi a importância de cada persona que representa um momento-chave da sua vida artística e não um mero capricho comercial, só mais velha percebi que faz falta ao mundo existiram mais Bowies, mais Ziggy Stardusts e mais Major Toms. 

Falar de David Bowie é falar de arte, de leveza, de inovação, de criatividade, de exposição, de amor, mas… Falar de Bowie também é falar do lado obscuro, falar de drogas, de não ter medo, de ser imortal – porque, no fundo, é isso que Bowie é, pois sempre esteve à frente de todos, sempre pensou além do presente. 

Agora sim, percebo finalmente que o seu último trabalho Blackstar é a sua despedida da vida, é o momento em que decide cumprimentar a morte e vê-la como uma parceira e juntos criaram uma das suas maiores obras-primas. Blackstar é o fim, mas é o fim mais genial que poderia existir para alguém como David Bowie – é o fim que ele preparou e lançou dias antes de aceitar a morte. Mas, David Bowie não foi com ela porque Ele é imortal e as suas personas, a sua história, a sua arte vão viver para sempre lembrando um dos maiores e mais versáteis artistas que o mundo já presenciou.

"And the stars look very different today", mas ainda bem que sim. 
Farewell Master Bowie!

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